Universidade Federal do Espírito Santo
Núcleo de Educação Aberta e à Distância
Universidade Aberta do Brasil – Polo Itapemirim-ES
Curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise
Disciplina:Angústia em Filosofia e Psicanálise
Angústia e sua relação com ansiedade
A angústia é um dos conceitos mais importantes da psicanálise e desempenha um papel preponderante tanto em relação ao desenvolvimento desta e possui significado central na teoria Lacaniana das neuroses e psicoses e dos tratamentos desses estados patológicos.
Em seu projeto para uma psicologia cientifica, 1895 Freud fala que a neurose de angústia teria sua etiologia na má ou não utilização da libido, que assim, se transformaria em angústia de uma forma direta.
Nesse trabalho, Freud aborda a angústia procurando nela uma explicação para o recalcamento, é afeto (affect) ai é a reprodução da vivência desagradável. Os estados traumáticos – estimulação excessiva e desamparo – se inscrevem de tal forma que deixam uma tendência a serem revividos, a reprodução da dor que então levaria a uma repulsa do objeto, o que levaria ao que Freud chama de defesa primária ou recalmento.
Em relação ao que diz respeito à definição de angústia segundo Lacan é aquilo que engana, porém estudos demonstram que é um distúrbio com desequilíbrio e deve receber tratamento médico. Tanto a psicologia e a psicanálise estudam constantemente as causas da angústia, para Freud a angústia pode ser uma resposta apropriada e relacionada a uma pressão interna ou externa, Freud trabalha com pontos cegos que a ciência não pode explicar que estão armazenados em nossa consciência, como: desvio de personalidade, racionalidade e situações de angústia ou ansiedade irredutíveis que cercam o dia-a-dia.
Para o pensador Heidegger, na angústia existe a origem da liberdade. Elucida que esta é oriunda da base existencial do homem, esta se concentra em seu passado e seu futuro, estes últimos acabam sempre interrompidos pela experiência inevitável pela qual, todos terão que passar: morte.
Podemos perceber que a constituição do sujeito esta diretamente ligada à questão da angústia. Assim é que, a construção da identidade atribui a angústia um caráter existencial.
Considerando-se o conceito angustia e ansiedade, é importante fazer uma relação entre angustia e o transtorno do pânico bem como o tratamento de uma pessoa com este mal.
Segundo Dorsch 2010, o termo angústia tem origem no latim e tende a ressaltar um estado de vivência corporal e psíquica de estreiteza, de aperto, enquanto ansiedade conotaria um estado de inquietação e de manifestações fisiológicas associadas. Nos dois casos o objeto é a realidade externa como um todo, uma vivência e não um objeto isolado e materializado (e por isso não parece procedente a colocação corriqueira de que a angústia é um medo sem objeto), que gera um estado de expectativa e de incerteza. O medo se refere a um objeto determinado, tido pelo sujeito como perigoso e ameaçador.
Nasio 1999 faz uma revisão sobre as diferenças entre angústia e ansiedade, ressaltando o caráter estático, até mesmo paralisado, a sensação de opressão principalmente pré-cordial, mas visceral de uma forma geral, da primeira em contraposição à tendência ao movimento e à predominância de manifestações psíquicas na segunda. Sugere que se classifiquem os quadros cuja manifestação predominante seja angústia ou a ansiedade sob o nome de Timopatia Ansiosa, ressaltando sua pertinência ao grupo dos transtornos da afetividade, de origem endógena.
De forma geral o termo ansiedade era usado na literatura para se referir a um estado afetivo crônico, desagradável, muitas vezes ligado à melancolia evolutiva, caracterizado por certo grau de antecipação do futuro e de inquietação. Por outro lado o termo angústia se referia a uma sensação mais visceral, que tendia a ocorrer de uma forma aguda e muitas vezes aproximada ao medo.
O Transtorno do Pânico, ou Neurose de Angústia, é caracterizado pela eclosão de crises espontâneas de ansiedade, de início de súbito, acompanhado de uma série de sintomas somáticos. A descrição de Freud de 1895 permanece atual, quase inalterada se comparada com os critérios modernos: 1. irritabilidade geral; 2. espera ansiosa; 3. surgimento abrupto de angústia, em forma de crise não associada a qualquer idéia, ou associada a idéia de morte ou loucura eminente; 4. vários ou alguns de uma lista de sintomas que inclui entre outros: palpitações, desconforto pré-cordial, sudorese, tremores, vertigens, diarréias, parestesias etc; 5. pavor noturno, acompanhado de angústia, dispnéia e sudorese (crises noturnas de angústia); 6. vertigem ou tontura; 7. fobias (incluindo agorafobia); 8. náuseas e mal estar; 9. parestesias; 10. Os sintomas podem se manifestar de forma crônica, com menor intensidade de angústia que nas formas agudas. Normalmente atingem sua intensidade máxima em segundos ou minutos, regredindo normalmente em até 10 minutos. Geralmente os pacientes descrevem um estado pós crise de intensa fraqueza, principalmente nos membros inferiores e sonolência, sendo que muitos podem dormir até horas após as crises. (NASIO 1999).
Se não tratadas adequadamente as crises tendem a se repetir, alternando períodos de normalidade, ou permanecendo uma ansiedade residual entre as crises. Muitos medicamentos são medicados com tranqüilizante tipo benzodiazepínicos, que aliviam a ansiedade entre as crises, mas só umas pequenas porcentagens dos pacientes melhoram a crise em si, como conseqüência alguns indivíduos desenvolvem abuso de tranqüilizantes ou mesmo de álcool como visto em nosso meio por GENTIL 1986.
Sem tratamento a evolução é variável, com flutuações de intensidade, com aumento de mortalidade por suicídio e afecções cardiovasculares, se bem que normalmente não apresentam ideação suicida nem prevalência maior de doenças cardíacas. Isso talvez se dê por um maior risco para depressão e pelas repercussões cardíacas da via sedentária que adotam uma vez iniciado o quadro.
As fobias são, primeiramente, sintomas que podem surgir no curso de qualquer afecção psíquica. A fobia como sintoma é definido por uma forma de ligação entre a angústia e o objeto. Talvez a discussão mais relevante aqui seja a respeito da distinção entre as fobias da Neurose de Angústia e as fobias da Neurose fóbica. O que a Psicanálise propões de maneira geral para os diversos quadros psicopatológicos é um modelo teórico de psicogênese. Não se trata de uma negação do orgânico, mas seu enfoque teórico tanto em Freud quanto nos autores que o seguiram é outro. Isto significa tratar também da terapêutica em um outro nível.
No caso específico das Neuroses Atuais e da Neurose de Angústia em particular, Freud negou a existência de mecanismos psíquicos envolvidos na sua gênese, afastando a possibilidade de intervenção pelo método psicanalítico. (NASIO 1999)
O que alguns autores psicanalíticos têm ressaltado, sem fazer alusão ao biológico, já que este não é o campo de investigação teórica, nem de atuação terapêutica da Psicanálise, é que, via da regra, tanto o conflito psíquico inconsciente quanto os sintomas atuais têm importância vital na compreensão do quadro e no desenvolvimento da terapêutica.
Em termos práticos a questão seria poder abordar o paciente com Neurose de Angústia, do ponto de vista psicanalítico, com o intuito de esclarecer as relações individuais que o sujeito faz, inconscientemente, de seus sintomas com outras estruturas de funcionamento e com experiências presentes e passadas que se encontre em conexão com o Reprimido e com a dinâmica do desejo.
A relação terapêutica com esses pacientes costuma ser difícil. No início do tratamento costumam apresentar mais queixas que outros, centrando o discurso nas suas crises de angústia.
Antes de curar a doença o analista terá de se preocupar em restabelecer uma relação de objeto que possibilite a reconstrução do Ego. Deverá ser inicialmente um auxiliar na passagem do mundo antes das palavras - ou de representação de coisas - para o mundo das palavras - ou representação de palavras, i.e., de simbolizações. A vivência de morte descrita por esses pacientes se encontra ligada a uma existência visceral, a um período em que o indivíduo ainda não encontrara um nome para substituí-la.
O tratamento e a cura se fazem, por isso, em dois tempos. Inicialmente a análise funciona como um órgão de para-excitação da angústia, nos moldes da mãe nas primeiras etapas do desenvolvimento infantil. Tem-se que entender que as queixas e os sintomas nessa fase é a forma pela qual o doente tenta resolver a angústia. O analista se fará presente através de suas palavras de compreensão do sofrimento do Ego, sem, no entanto aderir às angústias exteriorizadas pelo paciente.
Freqüentemente, na clínica se aflige, manifestam-se como sentimentos - desenvolvimentos da imaginarização do afeto. Alguns deles são os amores, o ódio, a alegria, a tristeza e aqueles que expressam de maneira patética a indefensa do sujeito perante o Outro, como são o medo, o temor, o terror, o pânico.
Segundo GENTIL 1986, o fim da análise não significa o fim da angústia para o sujeito, senão valer-se de sua alerta para “dialectizar” o Outro. Na espreita das análises standard parece ser um dos objetivos extinguir a angústia. Através da elaboração dos lutos mais primários que na transferência aludem à separação do analista, transmudado em seio materno idealizado. De modo tal que os efeitos de emergência do sujeito se resumem num remendo da imaginarização.
A angústia será sempre nossa eterna companheira , por mais que dissimulemos, neguemos e abominemos sua existência, estamos cônscios de que o processo de crescimento humano é continuo e implica, invariavelmente, em angústia.
Assim, fica subentendido que os casos mal resolvidos do passado e a ansiedade pelo futuro influenciaram a vida das pessoas causando-lhes grande angústia que, por sua vez, interfere em sua qualidade de vida, já que ao invés de vivenciar o que o hoje proporciona.
Sendo assim, o sujeito fica preso as atividades irrealizáveis e o seu hoje se tornam limitado e pouco agradável.
Referências Bibliográficas
GENTIL, V. Mecanismos de Ação de Drogas Antipânico.J. Bras. Psiq. 1986.
NASIO, Juan David. O prazer de Ler Freud. Rio de Janeiro, Editora: Jorge Zahar, 1999.
DORSCH. Dicionário de Psicologia. Petrópolis RJ, Editora Vozes, 2001.
http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/a-teoria-da-angustia-na-psicanalise
"Grupo Filosofar"
terça-feira, 10 de maio de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA
Joelma Abreu Silva Fagundes
Estudante do curso de Especialização
em Filosofia e Psicanálise pela
Universidade Federal do Espírito Santo.
RESUMO:
O presente trabalho pretende contribuir com os estudos do curso de especialização Filosofia e Psicanálise na disciplina Freud como teórico da modernidade bloqueada, ofertado pelo NEAAD/UFES, na modalidade semipresencial com o objetivo de qualificar profissionais para exercerem a atividade de pesquisa e ensino na linha de pesquisa de 'Filosofia e Psicanálise'.
Vimos através dos estudos, que Freud nos permite fazer um reflexão crítica sobre a modernidade levando em conta aspectos da vida psíquica de sujeitos formados e socializados no interior das sociedades liberais. Destaca que não podemos levar em consideração que os problemas do comportamento social vão reduzir devido as questões ligadas à psicologia do sujeito, mas que algumas situações sociais podem ser explicadas de acordo com a disposição dos sujeitos de adotar certos tipos de condutas.
No livro “O Mal Estar na Civilização” Freud aborda a discussão da repressão que é imposta pela sociedade. Dessa forma, cada indivíduo está exposto a uma espécie de policiamento, e essa alienação diante das regras inibe o desenvolvimento do ser humano. Logo, o instinto humano é, naturalmente, agressivo, ao se libertar desse sistema repressivo, tende a destruir o meio em que se vive. Freud, ao usar os termos instinto e pulsão, busca diferenciar os homens dos animais, enfatiza a peculiaridade da intermediação simbólica do “instinto” humano. Humano é produto do processo civilizatório é mais fácil pensar que o desenvolvimento humano é fruto da repressão. Por isso Freud afirma que o homem é uma perversão, um desvio da natureza. A agressividade é algo básico na natureza animal e, nos homens, ela assume outras faces e, em alguns casos, faces terríveis que não encontramos no mundo animal.
O desenvolvimento do indivíduo, bem como da civilização da qual faz parte somente são possíveis, a partir do controle das pressões impostas ao homem.
A vida de cada um é regida basicamente por dois princípios antagônicos: o princípio do prazer e o da realidade, vida e morte, respectivamente. Ao passo que o instinto de vida trabalha em prol da aproximação do indivíduo com a vida comunitária, o de morte age de forma oposta, ou seja, contra a civilização.
Ainda em “O Mal Estar da Civilização”, Freud afirma que o fato da cultura produzir um mal-estar nos seres humanos, visto que existe um antagonismo instransponível entre as exigências da pulsão e as da civilização. Assim, para o bem da sociedade o indivíduo é sacrificado, para que a civilização possa se desenvolver. O homem tem que pagar o preço da renúncia da satisfação pulsional (a vida sexual do homem e sua agressividade são severamente prejudicadas).
Em Tótem e tabu Freud aborda o complexo de Édipo, o mito do pai primeva, o totemismo e o incesto como o grande tabu. Os temas citados estão sempre relacionados a um contexto social, visto que, todas essas abordagens, se remetem a vida do homem na sociedade, seja ela na família ou no grupo no qual está inserido.
Freud ilustra sua obra com as tribos primitivas da Austrália, onde prevalecia o sistema totêmico que possuía a figura do líder (pai primeva) como regência de atitudes e atos da tribo, sistema este, que abominava de forma rigorosa o incesto, a ponto de se tornar uma forma de “organização social”. A característica do sistema totêmico é a não relação sexual entre pessoa do mesmo totem, qualificando assim a isogamia.
Dentro de uma análise freudiana, as escolhas sexuais são desde o princípio incestuosas, iniciando-se na infância através do complexo de Édipo, no qual, a criança alude o amor filial com o amor sexual destinado aos pais.
Podemos afirmar, de acordo com o texto, que o tabu constitui na proibição de algo desejado, e dá dois sentidos contrários para definir tabu, que são: o sagrado e impuro. Punindo desta forma, todos os membros da tribo que ousam quebrar o tabu. Visto que, ele existe nos clãs, como código de lei naturalmente criado, para que seja mantida a ordem, sendo que estes vão surgindo de acordo com a necessidade.
Segundo Freud, a natureza associal das neuroses tem sua origem genética em seu propósito mais fundamental, que é fugir de uma realidade insatisfatória para um mundo mais agradável de fantasia. O mundo real, que é assim evitado pelos neuróticos, acha-se sob a influência da sociedade humana e da instituição coletivamente criadas por ela. Voltar as costas à realidade, é ao mesmo tempo, afastar-se da comunidade dos homens. Sendo assim, a proximidade entre tabu e neurose está ligada a fuga da realidade para manter condutas ditas “normais” para sobrevivência na sociedade (e no clã). Ainda na visão do autor o tabu caracteriza-se em: o animismo, é o termo usado para indicar a teoria do caráter vivo de coisas que nos parecem serem objetos inanimados; a magia, tem de servir aos mais variados propósitos, ele deve submeter os fenômenos naturais a vontade do homem; a onipotência de pensamentos, que é a supervalorização dos desejos, enaltecendo as pulsões sexuais, associada com as característica do narcisismo, criando um ser mágico, que por sua vez, é desfeito, voltando-se para a realidade quando posiciona-se em fatos reais, deixando todas as características supracitadas para voltar-se ao mundo real.
Sendo assim, o totem espelha modelos sociais no que se refere às regras e normas, pois sua organização basicamente se origina através do respeito e proteção entre os membros do clã. Daí surge à necessidade e a exigência de se respeitar os tabus gerados dentro do sistema social (clã).
O totemismo valoriza a figura do pai, que por sua vez, é invejado pelos outros homens do clã, prevalecendo à ambivalência emocional, fazendo com que seus filhos se voltem contra ele a ponto de matá-lo, com a intenção de desfazer o poder gerado por ele, porém, sua figura ganhou mais poder após a morte, visto que os filhos sentiram-se culpados por matar o pai que amavam.
O totem se destaca como a figura de poder do clã, e pode ser visto como um objeto, visto que, com a morte do pai primevo, sua figura foi substituída, e sua representação passou a ser em forma de animal. E quando essa figura de poder ameaçava desaparecer, era sacrificado um animal totêmico como forma de manter viva a figura do pai primevo, firmando a importância do controle social que seria o controle exercido sobre os membr
os do clã.
Referências Bibliográficas:
FREUD, Sigmund; O Mal estar na civilização. 1ª Edição, 1997.
FREUD, Sigmund; Totem e tabu, Frankfurt, Fischer, 1999.
SAFATLE, Vladimir; Freud como teórico da modernidade bloqueada, Vitória, Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.
PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE
FREUD COMO TEÓRICO DA MODERNIDADE BLOQUEADA
Joelma Abreu Silva Fagundes
Estudante do curso de Especialização
em Filosofia e Psicanálise pela
Universidade Federal do Espírito Santo.
RESUMO:
O presente trabalho pretende contribuir com os estudos do curso de especialização Filosofia e Psicanálise na disciplina Freud como teórico da modernidade bloqueada, ofertado pelo NEAAD/UFES, na modalidade semipresencial com o objetivo de qualificar profissionais para exercerem a atividade de pesquisa e ensino na linha de pesquisa de 'Filosofia e Psicanálise'.
Vimos através dos estudos, que Freud nos permite fazer um reflexão crítica sobre a modernidade levando em conta aspectos da vida psíquica de sujeitos formados e socializados no interior das sociedades liberais. Destaca que não podemos levar em consideração que os problemas do comportamento social vão reduzir devido as questões ligadas à psicologia do sujeito, mas que algumas situações sociais podem ser explicadas de acordo com a disposição dos sujeitos de adotar certos tipos de condutas.
No livro “O Mal Estar na Civilização” Freud aborda a discussão da repressão que é imposta pela sociedade. Dessa forma, cada indivíduo está exposto a uma espécie de policiamento, e essa alienação diante das regras inibe o desenvolvimento do ser humano. Logo, o instinto humano é, naturalmente, agressivo, ao se libertar desse sistema repressivo, tende a destruir o meio em que se vive. Freud, ao usar os termos instinto e pulsão, busca diferenciar os homens dos animais, enfatiza a peculiaridade da intermediação simbólica do “instinto” humano. Humano é produto do processo civilizatório é mais fácil pensar que o desenvolvimento humano é fruto da repressão. Por isso Freud afirma que o homem é uma perversão, um desvio da natureza. A agressividade é algo básico na natureza animal e, nos homens, ela assume outras faces e, em alguns casos, faces terríveis que não encontramos no mundo animal.
O desenvolvimento do indivíduo, bem como da civilização da qual faz parte somente são possíveis, a partir do controle das pressões impostas ao homem.
A vida de cada um é regida basicamente por dois princípios antagônicos: o princípio do prazer e o da realidade, vida e morte, respectivamente. Ao passo que o instinto de vida trabalha em prol da aproximação do indivíduo com a vida comunitária, o de morte age de forma oposta, ou seja, contra a civilização.
Ainda em “O Mal Estar da Civilização”, Freud afirma que o fato da cultura produzir um mal-estar nos seres humanos, visto que existe um antagonismo instransponível entre as exigências da pulsão e as da civilização. Assim, para o bem da sociedade o indivíduo é sacrificado, para que a civilização possa se desenvolver. O homem tem que pagar o preço da renúncia da satisfação pulsional (a vida sexual do homem e sua agressividade são severamente prejudicadas).
Em Tótem e tabu Freud aborda o complexo de Édipo, o mito do pai primeva, o totemismo e o incesto como o grande tabu. Os temas citados estão sempre relacionados a um contexto social, visto que, todas essas abordagens, se remetem a vida do homem na sociedade, seja ela na família ou no grupo no qual está inserido.
Freud ilustra sua obra com as tribos primitivas da Austrália, onde prevalecia o sistema totêmico que possuía a figura do líder (pai primeva) como regência de atitudes e atos da tribo, sistema este, que abominava de forma rigorosa o incesto, a ponto de se tornar uma forma de “organização social”. A característica do sistema totêmico é a não relação sexual entre pessoa do mesmo totem, qualificando assim a isogamia.
Dentro de uma análise freudiana, as escolhas sexuais são desde o princípio incestuosas, iniciando-se na infância através do complexo de Édipo, no qual, a criança alude o amor filial com o amor sexual destinado aos pais.
Podemos afirmar, de acordo com o texto, que o tabu constitui na proibição de algo desejado, e dá dois sentidos contrários para definir tabu, que são: o sagrado e impuro. Punindo desta forma, todos os membros da tribo que ousam quebrar o tabu. Visto que, ele existe nos clãs, como código de lei naturalmente criado, para que seja mantida a ordem, sendo que estes vão surgindo de acordo com a necessidade.
Segundo Freud, a natureza associal das neuroses tem sua origem genética em seu propósito mais fundamental, que é fugir de uma realidade insatisfatória para um mundo mais agradável de fantasia. O mundo real, que é assim evitado pelos neuróticos, acha-se sob a influência da sociedade humana e da instituição coletivamente criadas por ela. Voltar as costas à realidade, é ao mesmo tempo, afastar-se da comunidade dos homens. Sendo assim, a proximidade entre tabu e neurose está ligada a fuga da realidade para manter condutas ditas “normais” para sobrevivência na sociedade (e no clã). Ainda na visão do autor o tabu caracteriza-se em: o animismo, é o termo usado para indicar a teoria do caráter vivo de coisas que nos parecem serem objetos inanimados; a magia, tem de servir aos mais variados propósitos, ele deve submeter os fenômenos naturais a vontade do homem; a onipotência de pensamentos, que é a supervalorização dos desejos, enaltecendo as pulsões sexuais, associada com as característica do narcisismo, criando um ser mágico, que por sua vez, é desfeito, voltando-se para a realidade quando posiciona-se em fatos reais, deixando todas as características supracitadas para voltar-se ao mundo real.
Sendo assim, o totem espelha modelos sociais no que se refere às regras e normas, pois sua organização basicamente se origina através do respeito e proteção entre os membros do clã. Daí surge à necessidade e a exigência de se respeitar os tabus gerados dentro do sistema social (clã).
O totemismo valoriza a figura do pai, que por sua vez, é invejado pelos outros homens do clã, prevalecendo à ambivalência emocional, fazendo com que seus filhos se voltem contra ele a ponto de matá-lo, com a intenção de desfazer o poder gerado por ele, porém, sua figura ganhou mais poder após a morte, visto que os filhos sentiram-se culpados por matar o pai que amavam.
O totem se destaca como a figura de poder do clã, e pode ser visto como um objeto, visto que, com a morte do pai primevo, sua figura foi substituída, e sua representação passou a ser em forma de animal. E quando essa figura de poder ameaçava desaparecer, era sacrificado um animal totêmico como forma de manter viva a figura do pai primevo, firmando a importância do controle social que seria o controle exercido sobre os membr
os do clã.
Referências Bibliográficas:
FREUD, Sigmund; O Mal estar na civilização. 1ª Edição, 1997.
FREUD, Sigmund; Totem e tabu, Frankfurt, Fischer, 1999.
SAFATLE, Vladimir; Freud como teórico da modernidade bloqueada, Vitória, Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
A Bloqueada Modernidade Brasileira
Maurílio Gonçalves da Silva
Especializando do curso
em Filosofia e Psicanálise – UFES/ES
Sociólogo – UFJF/MG
Epígrafe
“o indivíduo abandona seu ideal do eu (Ichideal) e o troca pelo ideal da massa, encarnado pelo líder (Führer)” (Freud)
Resumo:
Este artigo trata a respeito do processo democrático eleitoral brasileiro e os seus conseqüentes desdobramentos a partir da influência da visão encantada, ético-moral, judaico-cristã de mundo que interferiu seriamente na decisão dos eleitores e na pauta dos candidatos à Presidência da República na reta final do primeiro turno da eleição. Levando o processo a um segundo turno de ampla cobertura da temática do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo às pautas dos candidatos.
Palavras chaves: Eleição. Democracia. Moral. Ética. Candidatos. Estado. República.
Abstract:
This article discuss about a brazilian election democratic process and their development consequent from the influence of magic vision, moral-etic, Christian-judaic, of world that interfered seriously on decisions of the voters and the agenda of candidates to Presidency of Republic at the end of the first turn of election. Taking the process as second turn of large coverage of thematic related of abortion and the marriage between people of the same sex to agenda of candidates.
Key words: Election. Democracy. Moral. Etic. Candidates. States. Repulic.
Introdução
Esse trabalho tem como preocupação o curso tomado pelo processo eleitoral brasileiro no que tange os debates assumidos pelos candidatos à Presidência da República. À luz da construção racionalista do Estado Contratual dos filósofos iluministas, busca-se analisar a dinâmica dos discursos dos presidenciáveis. O objetivo dessa busca é compreender como uma sociedade que se quer moderna se torna refém de uma concepção religiosa de mundo em detrimento de dados – apresentados pelos candidatos – e resultados comprobatórios de um avanço sócio-econômico relevante para desenvolvimento nacional e o bem estar de sua gente.
Freud, no início do século XX, em sua obra já apontava as dificuldades sociais do mundo em sua modernidade ainda profundamente dependente de um núcleo “teológico-político”. Pois o desencantamento do mundo prometido pela psicanálise (e pelo discurso cientifico) só poderá ocorrer a partir do momento em que os vínculos sócio-culturais e os conflitos sociais não forem mais regulados através da saída neurótica do complexo de Édipo. Enquanto isso não ocorre, a estrutura psíquica do sujeito moderno está vulnerável à incorporação sócio-cultural através de figuras sociais do supereu, como àquelas que animam as crenças religiosas, as lideranças carismáticas. (SAFATLE, Vladimir)
Hoje, ainda, a modernidade não deu conta de superar essa visão encantada de mundo, evento que justifica a interpretação do processo eleitoral brasileiro.
A preocupação desse artigo focaliza-se no fato de uma eleição tão importante para o desenvolvimento do país e aclamada como vitoriosa em primeiro turno desdobra-se para o segundo turno com grandes possibilidades de a insatisfação dos eleitores ter-se centralizado em questões ético-moral com forte apelo religioso judaico-cristão.
Desenvolvimento
O processo eleitoral democrático contemporâneo é um evento do Estado Nacional Moderno que se inspirou na filosofia contratualista dos filósofos iluministas do século XVIII. Estes partiam do princípio que o Estado Contratual se contrapõe ao Estado de Natureza no qual os homens eram livres para fazer o que bem desejassem e ao mesmo tempo também dependeriam única e exclusivamente de suas próprias forças para garantirem sua integridade e a proteção de seu clã.
É importante salientar que devido às fragilidades e inseguranças proporcionadas por esse Estado de liberdade, em algum momento da História humana, os Homens resolveram, em comum acordo, que para o bem de si próprio e de seus pertences o melhor seria que seus direitos e obrigações fossem de alguma forma reguladas por um ente superior, imparcial e justo. Nesse momento nasce o Estado Contratual e a partir daí a sociedade humana estabelece limites para suas ações e relações.
Portanto, pode-se afirmar que esse Contrato – ainda que imaginário – sendo a vontade dos membros da sociedade para poderem viver em paz ao contrário do estado de “uma guerra de todos contra todos” , fez-se a partir de atos, conclusivamente, racionais, pois, assim, haveria a garantia de que alguém regularia as relações entre os membros da sociedade e estabeleceria um equilíbrio de força entre os desiguais e, ainda, o ressarcimento de danos ocasionados por outrem, bem como penalidades a quem eventualmente viesse a infringir as leis. Ou seja, a sociedade estaria protegida para construir a felicidade individual e coletiva de seus membros.
Hodiernamente, as ditas sociedades modernas adotaram como padrão político o sistema de governo democrático, direto ou indireto, no qual de alguma maneira o povo decide quem governará sua nação por um determinado período de tempo. As decisões políticas de todas as nações são baseadas em princípios, normas, códigos morais e ético. Acredita-se que os governos buscam o melhor para seu povo por mecanismos sociais, políticos e econômicos. Tudo adequadamente planejado, organizado por meios técnicos e eficazes – pelo menos é isso que se apregoa durante o período eleitoral antecedente ao pleito.
Esse é o momento que a sociedade brasileira está vivendo nos últimos meses desde 03/07/2010. O país teve eleições gerais para vários cargos, todavia, o que nos interessa aqui é o pleito relativo ao cargo mais relevante e cobiçado de todas as funções dos poderes eletivos – a Presidência da República. Ainda estamos na vigência do segundo turno da eleição presidencial e – é esse momento que nos interessa nesse artigo – a pauta de debate em jogo desviou-se do que se espera ser o foco principal de uma eleição presidencial: um Projeto de Nação pela via da unidade nacional através de um projeto sócio-político-econômico, para uma contenda que pôs em foco questões ético-morais – como o aborto e a relação homoafetiva – aliás, aventa-se ainda, se eventualmente, não foi justamente esses temas que acabaram levando o pleito ao segundo turno, polarizando dois projetos de país que defendem basicamente a mesma concepção ideológica administrativa, com diferenças pontuais: um de alcance popular e, o outro, focalizando grupos privilegiados da sociedade, pois as siglas PT e PSDB , inspiraram-se basicamente nas mesmas referências históricas da social democracia européia.
Acredita-se imperar em disputas a cargos tão relevantes para a governabilidade de uma nação o senso crítico e o uso da razão como meios de atingir as metas desejadas. Os partidos políticos fazem seu conteúdo programático, traçam seus objetivos, pactuam alianças e consolidam coligações afins e levam ao conhecimento do grande público sua intenção com o país e seus compromissos com os governados, ou seja, o bem de todos. Esse processo visa conquistar o eleitor para o projeto partidário que deseja assumir o poder no país.
O exercício da democracia e a alternância no Poder da República são formas de construções em última instância da felicidade de indivíduos e grupos, nesse curso do desenvolvimento humano os indivíduos trilham também seu processo de aperfeiçoamento e perseguem o seu próprio caminho na vida . Logo, as decisões propostas ou tomadas pelos governos ou seus pleiteantes a este Poder devem levar em consideração a visão e leitura de mundo de todos os eleitores em potencial. Não obstante o que constata é a interferência direta das religiões e de seus adeptos nas posturas, falas e propostas dos candidatos à Presidência da República, principalmente, no segundo turno da eleição. Em outras palavras, aquilo que definimos como irracional ou inconsciente é o que assume o tom do debate político e entra em pauta questões categóricas para determinados indivíduos, assumindo valores acima da vida.
A questão relativa ao atendimento a gestante que interrompe sua gestação é de suma relevância para assegurar a vida – tanto da mãe quanto do feto. A possibilidade de receber uma gestante no serviço público com pretensões abortivas geraria a necessidade de organizar uma rede de serviço – com assistência social, psicólogos, enfermeiros, psiquiatras, sociólogos, antropólogos etc – articulados com fins a garantir a gestação do feto e, ainda, a proteção à mãe que possivelmente é levada a conjecturar o aborto por acreditar ser essa a única saída para seu drama, o que de fato, à primeira vista, possa ser real, dada as inúmeras dificuldades de atendimento e serviços existentes em um país que enxerga o seu povo como alguém que onera o serviço público e não como cidadão e pessoas com dignidade humana.
Agora, em pleno processo eleitoral as mulheres que sempre foram vitimizadas pelas condições de abandono histórico entram em cena, não na condição de vítimas, mas vistas como criminosas pelos moralistas de plantão. O debate sobre atendimento às mulheres que se envolvem em situação de aborto e não tem condições de cuidar da própria saúde é um caso de política pública e não de polícia. Não cabe às religiões ou a seus líderes tentarem manipular o processo eleitoral porque esse ou aquele candidato defende o direito dessas gestantes poderem ser cuidadas. Proteger o feto e a gestante é um direito e dever de todos, todavia, no âmbito do Estado, as decisões devem ser técnicas e terapêuticas quando se trata de gente. Cabe às religiões se adaptar e propor como agirão no âmbito público. O que ocorreu no processo eleitoral foi o inverso e os presidenciáveis tiveram que adaptar seus discursos e justificar sua posição ético-moral para assegurar os votos conquistados no primeiro turno. O espaço político virou palco de uma guerra santa com sérias tentativas de satanizar quem defendesse um princípio alheio ao cenário religioso.
Outra questão também polêmica, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, assumiu posição de destaque durante o processo eleitoral. Há no Congresso Nacional brasileiro um projeto de Lei para reconhecer o direito à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Os defensores do projeto alegam que é uma forma eficaz de combater a homofobia; já os opositores afirmam que o projeto tem a pretensão de submeter a sociedade à tolerância indiscriminada das relações homoafetivas, impondo inclusive às instituições religiosas a obrigatoriedade de união entre as pessoas que assim desejarem.
A lógica da legislação vai ao encontro de debates internacionais para implantação de direitos humanos em todos os países que sejam signatários da Convenção Universal dos Direitos Humanos de 1948. Este é o caso do Brasil que a assinou e, por isso, a existência e o trâmite de tal código. Entretanto, grupos religiosos defendem posição contrária a esse tipo de legislação por acreditar que a homossexualidade se trata de uma anormalidade que distorce as relações de gênero masculino e feminino.
Conclusão
A organização da sociedade moderna nos último duzentos anos buscou firma-se em alicerces racionais. Os Estados contemporâneos querem, a partir da produção de seus dados estáticos, comprovar que há um controle racional das ações e relações humanas. A filosofia contratualista gerou as condições de possibilidades dessa interpretação ingênua da sociedade. Todavia, Freud a partir de suas análises e estudos descobriu que os seres humanos em suas ações seguem seus impulsos reprimidos no inconsciente o que conhecemos superego.
Os debates eleitorais no Brasil, as mudanças de discursos dos candidatos, as interferências de religiosos, suas aparições nas gravações de programas eleitorais, evidenciam a forte presença do supereu social decidindo os destinos de milhões de pessoas e impedindo que outros milhões que desejam trilhar seu próprio caminho para a felicidade, se permitindo seguir, possivelmente, o seu id não tenham sequer a possibilidade de debaterem suas reivindicações junto aos candidatos pela forças de coerção moral exercida pelas religiões judaico-cristã que manipularam seus fiéis a obediência cega da vontade e seus líderes que assumem o controle do monopólio da vontade de seu Deus, impondo um direcionamento dos votos a quem se declarasse contrário a tais opiniões. Então, os presidenciáveis a mercê de perder a eleição optaram por omitir suas posições ou voltaram atrás em suas opiniões para não comprometer-se com algo que não é função precípua do chefe do Executivo, ou seja, atribuição de outro Poder – o Legislativo . Eles temeram perder o apoio de eleitores religiosos que representam cerca de 75 porcento da sociedade da brasileira.
As situações supracitadas explanam bem o universo freudiana pelas escolhas irracionais dos eleitores que numa atitude regressiva a infância se permitem obedecer a determinação de seu líder religioso e escolher votar em quem por ele for indicado. Dessa forma, a vontade em primeiro plano fica a cargo do inconsciente moral que determina padrão ético devocional aos candidatos que devem reprovar a condução moral de determinados grupos de eleitores que deixam de ter seus direitos assegurados no âmbito da República. Os atores sociais envolvidos nesse processo esperam de seus candidatos atitudes e posturas de um grande líder provedor – um pai primevo – que lhe dê sentido existencial através, necessariamente, de suas reivindicações.
Referências Bibliográficas:
FREUD, Sigmund; A psicologia das massas e a análise do eu, Frankurt, Fischer, 1999
FREUD, Sigmund; Mal Estar da Civilização (1930 [1929]). In: Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v.XXI
CONSTITUIÇÃO FEDERAL REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - 1988
Especializando do curso
em Filosofia e Psicanálise – UFES/ES
Sociólogo – UFJF/MG
Epígrafe
“o indivíduo abandona seu ideal do eu (Ichideal) e o troca pelo ideal da massa, encarnado pelo líder (Führer)” (Freud)
Resumo:
Este artigo trata a respeito do processo democrático eleitoral brasileiro e os seus conseqüentes desdobramentos a partir da influência da visão encantada, ético-moral, judaico-cristã de mundo que interferiu seriamente na decisão dos eleitores e na pauta dos candidatos à Presidência da República na reta final do primeiro turno da eleição. Levando o processo a um segundo turno de ampla cobertura da temática do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo às pautas dos candidatos.
Palavras chaves: Eleição. Democracia. Moral. Ética. Candidatos. Estado. República.
Abstract:
This article discuss about a brazilian election democratic process and their development consequent from the influence of magic vision, moral-etic, Christian-judaic, of world that interfered seriously on decisions of the voters and the agenda of candidates to Presidency of Republic at the end of the first turn of election. Taking the process as second turn of large coverage of thematic related of abortion and the marriage between people of the same sex to agenda of candidates.
Key words: Election. Democracy. Moral. Etic. Candidates. States. Repulic.
Introdução
Esse trabalho tem como preocupação o curso tomado pelo processo eleitoral brasileiro no que tange os debates assumidos pelos candidatos à Presidência da República. À luz da construção racionalista do Estado Contratual dos filósofos iluministas, busca-se analisar a dinâmica dos discursos dos presidenciáveis. O objetivo dessa busca é compreender como uma sociedade que se quer moderna se torna refém de uma concepção religiosa de mundo em detrimento de dados – apresentados pelos candidatos – e resultados comprobatórios de um avanço sócio-econômico relevante para desenvolvimento nacional e o bem estar de sua gente.
Freud, no início do século XX, em sua obra já apontava as dificuldades sociais do mundo em sua modernidade ainda profundamente dependente de um núcleo “teológico-político”. Pois o desencantamento do mundo prometido pela psicanálise (e pelo discurso cientifico) só poderá ocorrer a partir do momento em que os vínculos sócio-culturais e os conflitos sociais não forem mais regulados através da saída neurótica do complexo de Édipo. Enquanto isso não ocorre, a estrutura psíquica do sujeito moderno está vulnerável à incorporação sócio-cultural através de figuras sociais do supereu, como àquelas que animam as crenças religiosas, as lideranças carismáticas. (SAFATLE, Vladimir)
Hoje, ainda, a modernidade não deu conta de superar essa visão encantada de mundo, evento que justifica a interpretação do processo eleitoral brasileiro.
A preocupação desse artigo focaliza-se no fato de uma eleição tão importante para o desenvolvimento do país e aclamada como vitoriosa em primeiro turno desdobra-se para o segundo turno com grandes possibilidades de a insatisfação dos eleitores ter-se centralizado em questões ético-moral com forte apelo religioso judaico-cristão.
Desenvolvimento
O processo eleitoral democrático contemporâneo é um evento do Estado Nacional Moderno que se inspirou na filosofia contratualista dos filósofos iluministas do século XVIII. Estes partiam do princípio que o Estado Contratual se contrapõe ao Estado de Natureza no qual os homens eram livres para fazer o que bem desejassem e ao mesmo tempo também dependeriam única e exclusivamente de suas próprias forças para garantirem sua integridade e a proteção de seu clã.
É importante salientar que devido às fragilidades e inseguranças proporcionadas por esse Estado de liberdade, em algum momento da História humana, os Homens resolveram, em comum acordo, que para o bem de si próprio e de seus pertences o melhor seria que seus direitos e obrigações fossem de alguma forma reguladas por um ente superior, imparcial e justo. Nesse momento nasce o Estado Contratual e a partir daí a sociedade humana estabelece limites para suas ações e relações.
Portanto, pode-se afirmar que esse Contrato – ainda que imaginário – sendo a vontade dos membros da sociedade para poderem viver em paz ao contrário do estado de “uma guerra de todos contra todos” , fez-se a partir de atos, conclusivamente, racionais, pois, assim, haveria a garantia de que alguém regularia as relações entre os membros da sociedade e estabeleceria um equilíbrio de força entre os desiguais e, ainda, o ressarcimento de danos ocasionados por outrem, bem como penalidades a quem eventualmente viesse a infringir as leis. Ou seja, a sociedade estaria protegida para construir a felicidade individual e coletiva de seus membros.
Hodiernamente, as ditas sociedades modernas adotaram como padrão político o sistema de governo democrático, direto ou indireto, no qual de alguma maneira o povo decide quem governará sua nação por um determinado período de tempo. As decisões políticas de todas as nações são baseadas em princípios, normas, códigos morais e ético. Acredita-se que os governos buscam o melhor para seu povo por mecanismos sociais, políticos e econômicos. Tudo adequadamente planejado, organizado por meios técnicos e eficazes – pelo menos é isso que se apregoa durante o período eleitoral antecedente ao pleito.
Esse é o momento que a sociedade brasileira está vivendo nos últimos meses desde 03/07/2010. O país teve eleições gerais para vários cargos, todavia, o que nos interessa aqui é o pleito relativo ao cargo mais relevante e cobiçado de todas as funções dos poderes eletivos – a Presidência da República. Ainda estamos na vigência do segundo turno da eleição presidencial e – é esse momento que nos interessa nesse artigo – a pauta de debate em jogo desviou-se do que se espera ser o foco principal de uma eleição presidencial: um Projeto de Nação pela via da unidade nacional através de um projeto sócio-político-econômico, para uma contenda que pôs em foco questões ético-morais – como o aborto e a relação homoafetiva – aliás, aventa-se ainda, se eventualmente, não foi justamente esses temas que acabaram levando o pleito ao segundo turno, polarizando dois projetos de país que defendem basicamente a mesma concepção ideológica administrativa, com diferenças pontuais: um de alcance popular e, o outro, focalizando grupos privilegiados da sociedade, pois as siglas PT e PSDB , inspiraram-se basicamente nas mesmas referências históricas da social democracia européia.
Acredita-se imperar em disputas a cargos tão relevantes para a governabilidade de uma nação o senso crítico e o uso da razão como meios de atingir as metas desejadas. Os partidos políticos fazem seu conteúdo programático, traçam seus objetivos, pactuam alianças e consolidam coligações afins e levam ao conhecimento do grande público sua intenção com o país e seus compromissos com os governados, ou seja, o bem de todos. Esse processo visa conquistar o eleitor para o projeto partidário que deseja assumir o poder no país.
O exercício da democracia e a alternância no Poder da República são formas de construções em última instância da felicidade de indivíduos e grupos, nesse curso do desenvolvimento humano os indivíduos trilham também seu processo de aperfeiçoamento e perseguem o seu próprio caminho na vida . Logo, as decisões propostas ou tomadas pelos governos ou seus pleiteantes a este Poder devem levar em consideração a visão e leitura de mundo de todos os eleitores em potencial. Não obstante o que constata é a interferência direta das religiões e de seus adeptos nas posturas, falas e propostas dos candidatos à Presidência da República, principalmente, no segundo turno da eleição. Em outras palavras, aquilo que definimos como irracional ou inconsciente é o que assume o tom do debate político e entra em pauta questões categóricas para determinados indivíduos, assumindo valores acima da vida.
A questão relativa ao atendimento a gestante que interrompe sua gestação é de suma relevância para assegurar a vida – tanto da mãe quanto do feto. A possibilidade de receber uma gestante no serviço público com pretensões abortivas geraria a necessidade de organizar uma rede de serviço – com assistência social, psicólogos, enfermeiros, psiquiatras, sociólogos, antropólogos etc – articulados com fins a garantir a gestação do feto e, ainda, a proteção à mãe que possivelmente é levada a conjecturar o aborto por acreditar ser essa a única saída para seu drama, o que de fato, à primeira vista, possa ser real, dada as inúmeras dificuldades de atendimento e serviços existentes em um país que enxerga o seu povo como alguém que onera o serviço público e não como cidadão e pessoas com dignidade humana.
Agora, em pleno processo eleitoral as mulheres que sempre foram vitimizadas pelas condições de abandono histórico entram em cena, não na condição de vítimas, mas vistas como criminosas pelos moralistas de plantão. O debate sobre atendimento às mulheres que se envolvem em situação de aborto e não tem condições de cuidar da própria saúde é um caso de política pública e não de polícia. Não cabe às religiões ou a seus líderes tentarem manipular o processo eleitoral porque esse ou aquele candidato defende o direito dessas gestantes poderem ser cuidadas. Proteger o feto e a gestante é um direito e dever de todos, todavia, no âmbito do Estado, as decisões devem ser técnicas e terapêuticas quando se trata de gente. Cabe às religiões se adaptar e propor como agirão no âmbito público. O que ocorreu no processo eleitoral foi o inverso e os presidenciáveis tiveram que adaptar seus discursos e justificar sua posição ético-moral para assegurar os votos conquistados no primeiro turno. O espaço político virou palco de uma guerra santa com sérias tentativas de satanizar quem defendesse um princípio alheio ao cenário religioso.
Outra questão também polêmica, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, assumiu posição de destaque durante o processo eleitoral. Há no Congresso Nacional brasileiro um projeto de Lei para reconhecer o direito à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Os defensores do projeto alegam que é uma forma eficaz de combater a homofobia; já os opositores afirmam que o projeto tem a pretensão de submeter a sociedade à tolerância indiscriminada das relações homoafetivas, impondo inclusive às instituições religiosas a obrigatoriedade de união entre as pessoas que assim desejarem.
A lógica da legislação vai ao encontro de debates internacionais para implantação de direitos humanos em todos os países que sejam signatários da Convenção Universal dos Direitos Humanos de 1948. Este é o caso do Brasil que a assinou e, por isso, a existência e o trâmite de tal código. Entretanto, grupos religiosos defendem posição contrária a esse tipo de legislação por acreditar que a homossexualidade se trata de uma anormalidade que distorce as relações de gênero masculino e feminino.
Conclusão
A organização da sociedade moderna nos último duzentos anos buscou firma-se em alicerces racionais. Os Estados contemporâneos querem, a partir da produção de seus dados estáticos, comprovar que há um controle racional das ações e relações humanas. A filosofia contratualista gerou as condições de possibilidades dessa interpretação ingênua da sociedade. Todavia, Freud a partir de suas análises e estudos descobriu que os seres humanos em suas ações seguem seus impulsos reprimidos no inconsciente o que conhecemos superego.
Os debates eleitorais no Brasil, as mudanças de discursos dos candidatos, as interferências de religiosos, suas aparições nas gravações de programas eleitorais, evidenciam a forte presença do supereu social decidindo os destinos de milhões de pessoas e impedindo que outros milhões que desejam trilhar seu próprio caminho para a felicidade, se permitindo seguir, possivelmente, o seu id não tenham sequer a possibilidade de debaterem suas reivindicações junto aos candidatos pela forças de coerção moral exercida pelas religiões judaico-cristã que manipularam seus fiéis a obediência cega da vontade e seus líderes que assumem o controle do monopólio da vontade de seu Deus, impondo um direcionamento dos votos a quem se declarasse contrário a tais opiniões. Então, os presidenciáveis a mercê de perder a eleição optaram por omitir suas posições ou voltaram atrás em suas opiniões para não comprometer-se com algo que não é função precípua do chefe do Executivo, ou seja, atribuição de outro Poder – o Legislativo . Eles temeram perder o apoio de eleitores religiosos que representam cerca de 75 porcento da sociedade da brasileira.
As situações supracitadas explanam bem o universo freudiana pelas escolhas irracionais dos eleitores que numa atitude regressiva a infância se permitem obedecer a determinação de seu líder religioso e escolher votar em quem por ele for indicado. Dessa forma, a vontade em primeiro plano fica a cargo do inconsciente moral que determina padrão ético devocional aos candidatos que devem reprovar a condução moral de determinados grupos de eleitores que deixam de ter seus direitos assegurados no âmbito da República. Os atores sociais envolvidos nesse processo esperam de seus candidatos atitudes e posturas de um grande líder provedor – um pai primevo – que lhe dê sentido existencial através, necessariamente, de suas reivindicações.
Referências Bibliográficas:
FREUD, Sigmund; A psicologia das massas e a análise do eu, Frankurt, Fischer, 1999
FREUD, Sigmund; Mal Estar da Civilização (1930 [1929]). In: Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v.XXI
CONSTITUIÇÃO FEDERAL REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - 1988
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
ESCOLA, FAMILIA E POLITICAS PUBLICAS: “A UNIÃO NECESSÁRIA PARA UMA EDUCAÇÃO EFETIVA.”
ESCOLA, FAMILIA E POLITICAS PUBLICAS: “A UNIÃO NECESSÁRIA PARA UMA EDUCAÇÃO EFETIVA.”
Fabio Pereira Xavier
Estudante do curso de Especialização
em Filosofia e Psicanálise pela
Universidade Federal do Espírito Santo.
RESUMO: artigo em questão buscou evidenciar questões sociais que interferem diretamente no desenvolvimento intelectual dos alunos, para isso foi analisada a situação social em que os mesmos se encontram, o tipo de educação domiciliar que eles são submetidos, o comportamentos dos estudantes em sala de aula, as notas no primeiro e segundo trimestre,depoimentos de professores da turma, analise de dados estatístico sobre o rendimento da escola a nível estadual, relatos de pedagogos, coordenador e Diretor da escolas. Esta análise foi direcionada em paralelo com a observação de textos de Sigmund Freud e do Professor Doutor Vladimir Safatle que deu suporte teórico para a realização deste estudo.
Palavras-chave:risco social; educação; olhar diferenciado; baixo rendimento; indisciplina; abandono intelectual.
Abstract- the article in question sought to highlight social issues that directly affect the intellectual development of our students, it was analyzed the social situation in which they are located, the type of home schooling that they are submitted, the behavior of students in the classroom, the notes on the first and second quarter, reports from class teachers, analysis of statistical data on income from school at the state level, reports of teachers, coordinator and director of schools.
this analysis was directed in parallel with the observation of texts by Sigmund Freud and professor Vladimir Safatle which gave theoretical support for this study.
Key-words: social risk, different look, low income, indiscipline, intellectual abandonment
O estudo em tela busca analisar comportamentos apontados como fora do padrão esperado para integrarem à 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola da rede estadual de ensino, localizada no município de Presidente Kennedy.
Os alunos analisados são matriculados na série supracitada, lembrando que essa turma é a única em que os professores não conseguem de maneira nenhuma encontrar uma solução para resolver o caos que se instalou.
Dificuldade de aprendizagem, comportamento ultra-agressivo, extrapolação de todos os limites, excesso de falta de atenção, falta de educação e civilização. Todos esses fatores somados vêm dificultando o ensino-aprendizagem uma vez que, falta concentração e os educadores já não sabem mais a quem recorrer.
A família omissa e desestruturada passou toda responsabilidade para a escola que por conseguinte repassou ao Conselho Tutelar, que também transferiu ao Ministério Público, fazendo várias denúncias inclusive maus tratos, prostituição infantil entre outros agravantes.
Por outro lado, o município também lavou as mãos, uma vez que, não tem nenhum programa social que venha de encontro a buscar medidas sócio-educativas como uma vertente a diminuir o problema, principalmente dessa clientela economicamente desfavorecida.
Sabe-se que, enquanto nada de concreto é feito o problema explode na escola e os índices de aprendizagem marcam à trajetória do educandário como o último, realizado em 2009, colocando a escola em último lugar no Estado do Espírito Santo.(fonte SEDU.ES)
Segundo alguns professores que não sabem mais o que fazer para minimizar o caos, encaminhar os alunos à coordenação da escola para assinarem ocorrência e solicitar a presença dos pais não significa mais nada perto da situação que chegou ao limite.
A ocorrência não significa medida pedagógica para eles, uma vez que, seus pais não comparecem à escola e muitos acabam passando a mão na cabeça, quando não dão razão.
Uma das professoras, a Língua Portuguesa acreditava que levar aulas mais dinâmicas e elevar a auto-estima dos alunos poderia servir como modelo a proporcionar aos educandos mais interesse nas aulas, no entanto, a professora disse que não resolveu e aponta outras medidas como: a presença de um responsável todos os dias em sala de aula, bem como a do Conselho Tutelar, do Ministério Público e palestras com diversas autoridades.
A professora acredita que os pais devem ser responsabilizados e penalizados uma vez que seus filhos não respeitam mais nenhuma regra na escola.
Na perspectiva de encontrar soluções que apontem medidas à serem tomadas com a turma, o estudo que segue está embasado nas teorias do pai da psicanálise - Sigmund Freud - que defende a Psicologia das massas e em textos do professor doutor Vladimir Safatle, nos quais o mesmo aponta algumas sugestões em casos como os supracitados.
Os textos que calçam este estudo foram de fundamental importância possibilitando entender que comportamentos diferentes podem estar relacionados à fatores sociais, que se forem discutidos e trabalhados de maneira séria e correta, podem refletir numa considerável mudança comportamental desses indivíduos em questão.
Vale ressaltar, que a falta de comprometimentos dos pais dos alunos em comparecer à escola para busca de solução junto à equipe pedagógica foi o ponto chave para investigação sobre as características dessa população em especial.
A psicanálise busca compreender comportamentos diversos e Freud, em especial, dedicou parte dos seus estudos a esse tema.
De acordo com o Freud, a psicanálise não deve servir apenas para curar doenças mentais. Em suas teorias, ele destaca ainda o fator patológico, pois defende a tese de que, é a partir de então que se compara o que seria o “normal” ou o que se adequou aos padrões exigidos pela sociedade.
O pai da psicanálise ressalta ainda, que a conduta patológica expõe o que está realmente em jogo no processo de formação das condutas sociais, e então ele faz a comparação quando diz que:
“se atirarmos no chão um cristal, ele se parte, mas não arbitrariamente. Ele se parte, segundo suas linhas de clivagem, em pedaços cujos limites, embora fossem invisíveis, estavam determinados pela estrutura do cristal.”
Pode-se notar então que, durante o desenvolvimento de cada indivíduo, ele vai sofrendo algumas marcas em seu processo de adequação aos padrões impostos pela sociedade. Freud esclarece também que o ser humano se torna neurótico por não poder suportar as frustrações impostas pela sociedade com seus ideais culturais.
Pode-se compreender a partir das teorias freudianas que dificilmente haverá um ser humano que não sofra nenhum sintoma psíquico, porém não se pode dizer que não há distinção entre o normal e o patológico. O psicanalista explica que existe uma diferença qualitativa fundamental entre o normal e o patológico.
Partindo do pressuposto de que cada indivíduo possui suas próprias marcas e que estas podem refletir diretamente no comportamento atual do aluno, foi feita uma análise mais direcionada sobre a situação social em que estão inseridos estes, e do acompanhamento dos responsáveis no que diz respeito à educação familiar desses indivíduos.
Não esta sendo afirmando aqui, que foi feita uma pesquisa minuciosa sobre a vida de todos que cercam alguns destes alunos considerados problemas, até porque não se sabe se há condições reais para isso, pois não é fácil adentrar na intimidade de pessoas que sofreram tantas marcas de uma sociedade injusta para com eles,pois grande parte destes, residem num lugar sem estrutura,são beneficiados por programas sociais como bolsas e cestas básicas que os acostumaram a se adequarem a essa situação, o Município é omisso, pois não possui programas sociais que interfira diretamente na situação destes indivíduos, e o Ministério Publico nada faz com relação a isso. O que foi feito aqui, foi uma observação dos comportamentos ,da situação social em que eles se encontram, do rendimento escolar, da questão disciplinar, da relação com os demais professores , coordenadores pedagogos e diretor da escola.
Dentro do educandario, foram colhidos dados importantíssimos para este estudo, foi percebido que a maioria dos professores tratava estes alunos com indiferença, estava preocupada apenas em transferir o conteúdo para sem se importar se realmente os educandos estavam aprendendo algo.
O pedagógico e o administrativo da escola até tentavam sanar o problema, mas se viam de mãos atadas, pois não sabiam o que realmente fazer nesta situação, até porque todos sabiam que estes problemas iam para além dos portões da escola e dentro da instiuição não tinham os profissionais, nem tampouco recursos necessários para se fazer um trabalho realmente efetivo para a melhoria da situação – índices baixos de aprendizagem.
Após conversa individual com alguns destes alunos, foi percebido que eles, apesar de possuírem idade tão pequena, demonstravam um certo grau de maturidade, certamente advindo das varias experiências pelas quais haviam passado, e que estes apresentavam comportamento bem diferente do que tinham quando estavam em grupo dentro da sala de aula, ou pelos demais ambientes da escola. Esse tipo de comportamento também é explicado por Lê Bom citado por Freud em seu texto Psicologia das massas e analise do eu quando diz::
“A peculiaridade mais notável apresentada por um grupo psicológico é a seguinte: sejam quem forem os indivíduos que o compõem, por semelhantes ou dessemelhantes que sejam seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento.”
Sendo assim, podemos notar que estes alunos, além de serem influenciados pelo meio social,também sofrem influencia direta do grupo do qual fazem parte, pois como já foi citado acima, grande parte da turma se encontra em risco social. Foi notado também que até os pouquíssimos alunos que não viviam nesta condição, quando se agrupavam em sala, manifestavam comportamentos hostis, o que tornava ainda mais complicada a situação.
Apesar de estes indivíduos apresentarem comportamentos estranhos aos que seriam de sua idade, quando eram vistos com um olhar mais humano, eles acabavam demonstrando, ainda que em pequena quantidade, um carinho e respeito para quem lhes tratassem assim. E quando eram submetidos a conversas em particular, e toda sua situação era respeitada e levada em consideração, eles acabavam externando, ainda de forma bem subjetiva, as terríveis situações pelas quais passaram e que ainda passam. Esta volta ao passado que é entendida por freud como regressão,se é que podemos dizer assim, às vezes pode ser muito dolorosa; porém, quando feita por um profissional da área das ciências psicológicas, pode até não trazer a mudança imediata para estas pessoas, mas resultam em dados importantíssimas sobre as situações de cada um, ou do próprio grupo social do qual fazem parte. Essas informações deveriam servir como medidor social para os órgão responsáveis começarem a intervir de forma direta, de maneira individual e coletiva sobre estas crianças.
Não podemos dizer que esta será uma tarefa fácil, pelo contrario, é necessário que haja uma união de forças da escola como um todo, dos serviços sociais municipais, do Ministério Publico e do Conselho Tutelar. A escola apontando e acompanhando o problema no seu ambiente, os Serviços Sociais acompanhando as famílias , o Conselho Tutelar em pareceria com a escola acompanhando pais e alunos no que diz respeito a direitos e deveres de cada um e o Ministério Publico, cobrando dos demais órgãos eficiência nas funções que lhes são cabíveis. Se todos os órgãos responsáveis cumprissem com suas reais atribuições, não só os alunos desta escola seriam beneficiados, como também partiríamos para uma melhoria significativa na educação de maneira geral.
Referencias Bibliográficas:
SAFATLE, Vladimir.Freud como teórico da modernidade bloqueada / Vladimir Safatle.
- Vitória : Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação
Aberta e a Distância, 2010.
FREUD, Sigmund . Psicologia das massas e análise do eu.
http://www.filpsi.neaad.ufes.br/moodle/
www.sedu.es.gov.com.br
Fabio Pereira Xavier
Estudante do curso de Especialização
em Filosofia e Psicanálise pela
Universidade Federal do Espírito Santo.
RESUMO: artigo em questão buscou evidenciar questões sociais que interferem diretamente no desenvolvimento intelectual dos alunos, para isso foi analisada a situação social em que os mesmos se encontram, o tipo de educação domiciliar que eles são submetidos, o comportamentos dos estudantes em sala de aula, as notas no primeiro e segundo trimestre,depoimentos de professores da turma, analise de dados estatístico sobre o rendimento da escola a nível estadual, relatos de pedagogos, coordenador e Diretor da escolas. Esta análise foi direcionada em paralelo com a observação de textos de Sigmund Freud e do Professor Doutor Vladimir Safatle que deu suporte teórico para a realização deste estudo.
Palavras-chave:risco social; educação; olhar diferenciado; baixo rendimento; indisciplina; abandono intelectual.
Abstract- the article in question sought to highlight social issues that directly affect the intellectual development of our students, it was analyzed the social situation in which they are located, the type of home schooling that they are submitted, the behavior of students in the classroom, the notes on the first and second quarter, reports from class teachers, analysis of statistical data on income from school at the state level, reports of teachers, coordinator and director of schools.
this analysis was directed in parallel with the observation of texts by Sigmund Freud and professor Vladimir Safatle which gave theoretical support for this study.
Key-words: social risk, different look, low income, indiscipline, intellectual abandonment
O estudo em tela busca analisar comportamentos apontados como fora do padrão esperado para integrarem à 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola da rede estadual de ensino, localizada no município de Presidente Kennedy.
Os alunos analisados são matriculados na série supracitada, lembrando que essa turma é a única em que os professores não conseguem de maneira nenhuma encontrar uma solução para resolver o caos que se instalou.
Dificuldade de aprendizagem, comportamento ultra-agressivo, extrapolação de todos os limites, excesso de falta de atenção, falta de educação e civilização. Todos esses fatores somados vêm dificultando o ensino-aprendizagem uma vez que, falta concentração e os educadores já não sabem mais a quem recorrer.
A família omissa e desestruturada passou toda responsabilidade para a escola que por conseguinte repassou ao Conselho Tutelar, que também transferiu ao Ministério Público, fazendo várias denúncias inclusive maus tratos, prostituição infantil entre outros agravantes.
Por outro lado, o município também lavou as mãos, uma vez que, não tem nenhum programa social que venha de encontro a buscar medidas sócio-educativas como uma vertente a diminuir o problema, principalmente dessa clientela economicamente desfavorecida.
Sabe-se que, enquanto nada de concreto é feito o problema explode na escola e os índices de aprendizagem marcam à trajetória do educandário como o último, realizado em 2009, colocando a escola em último lugar no Estado do Espírito Santo.(fonte SEDU.ES)
Segundo alguns professores que não sabem mais o que fazer para minimizar o caos, encaminhar os alunos à coordenação da escola para assinarem ocorrência e solicitar a presença dos pais não significa mais nada perto da situação que chegou ao limite.
A ocorrência não significa medida pedagógica para eles, uma vez que, seus pais não comparecem à escola e muitos acabam passando a mão na cabeça, quando não dão razão.
Uma das professoras, a Língua Portuguesa acreditava que levar aulas mais dinâmicas e elevar a auto-estima dos alunos poderia servir como modelo a proporcionar aos educandos mais interesse nas aulas, no entanto, a professora disse que não resolveu e aponta outras medidas como: a presença de um responsável todos os dias em sala de aula, bem como a do Conselho Tutelar, do Ministério Público e palestras com diversas autoridades.
A professora acredita que os pais devem ser responsabilizados e penalizados uma vez que seus filhos não respeitam mais nenhuma regra na escola.
Na perspectiva de encontrar soluções que apontem medidas à serem tomadas com a turma, o estudo que segue está embasado nas teorias do pai da psicanálise - Sigmund Freud - que defende a Psicologia das massas e em textos do professor doutor Vladimir Safatle, nos quais o mesmo aponta algumas sugestões em casos como os supracitados.
Os textos que calçam este estudo foram de fundamental importância possibilitando entender que comportamentos diferentes podem estar relacionados à fatores sociais, que se forem discutidos e trabalhados de maneira séria e correta, podem refletir numa considerável mudança comportamental desses indivíduos em questão.
Vale ressaltar, que a falta de comprometimentos dos pais dos alunos em comparecer à escola para busca de solução junto à equipe pedagógica foi o ponto chave para investigação sobre as características dessa população em especial.
A psicanálise busca compreender comportamentos diversos e Freud, em especial, dedicou parte dos seus estudos a esse tema.
De acordo com o Freud, a psicanálise não deve servir apenas para curar doenças mentais. Em suas teorias, ele destaca ainda o fator patológico, pois defende a tese de que, é a partir de então que se compara o que seria o “normal” ou o que se adequou aos padrões exigidos pela sociedade.
O pai da psicanálise ressalta ainda, que a conduta patológica expõe o que está realmente em jogo no processo de formação das condutas sociais, e então ele faz a comparação quando diz que:
“se atirarmos no chão um cristal, ele se parte, mas não arbitrariamente. Ele se parte, segundo suas linhas de clivagem, em pedaços cujos limites, embora fossem invisíveis, estavam determinados pela estrutura do cristal.”
Pode-se notar então que, durante o desenvolvimento de cada indivíduo, ele vai sofrendo algumas marcas em seu processo de adequação aos padrões impostos pela sociedade. Freud esclarece também que o ser humano se torna neurótico por não poder suportar as frustrações impostas pela sociedade com seus ideais culturais.
Pode-se compreender a partir das teorias freudianas que dificilmente haverá um ser humano que não sofra nenhum sintoma psíquico, porém não se pode dizer que não há distinção entre o normal e o patológico. O psicanalista explica que existe uma diferença qualitativa fundamental entre o normal e o patológico.
Partindo do pressuposto de que cada indivíduo possui suas próprias marcas e que estas podem refletir diretamente no comportamento atual do aluno, foi feita uma análise mais direcionada sobre a situação social em que estão inseridos estes, e do acompanhamento dos responsáveis no que diz respeito à educação familiar desses indivíduos.
Não esta sendo afirmando aqui, que foi feita uma pesquisa minuciosa sobre a vida de todos que cercam alguns destes alunos considerados problemas, até porque não se sabe se há condições reais para isso, pois não é fácil adentrar na intimidade de pessoas que sofreram tantas marcas de uma sociedade injusta para com eles,pois grande parte destes, residem num lugar sem estrutura,são beneficiados por programas sociais como bolsas e cestas básicas que os acostumaram a se adequarem a essa situação, o Município é omisso, pois não possui programas sociais que interfira diretamente na situação destes indivíduos, e o Ministério Publico nada faz com relação a isso. O que foi feito aqui, foi uma observação dos comportamentos ,da situação social em que eles se encontram, do rendimento escolar, da questão disciplinar, da relação com os demais professores , coordenadores pedagogos e diretor da escola.
Dentro do educandario, foram colhidos dados importantíssimos para este estudo, foi percebido que a maioria dos professores tratava estes alunos com indiferença, estava preocupada apenas em transferir o conteúdo para sem se importar se realmente os educandos estavam aprendendo algo.
O pedagógico e o administrativo da escola até tentavam sanar o problema, mas se viam de mãos atadas, pois não sabiam o que realmente fazer nesta situação, até porque todos sabiam que estes problemas iam para além dos portões da escola e dentro da instiuição não tinham os profissionais, nem tampouco recursos necessários para se fazer um trabalho realmente efetivo para a melhoria da situação – índices baixos de aprendizagem.
Após conversa individual com alguns destes alunos, foi percebido que eles, apesar de possuírem idade tão pequena, demonstravam um certo grau de maturidade, certamente advindo das varias experiências pelas quais haviam passado, e que estes apresentavam comportamento bem diferente do que tinham quando estavam em grupo dentro da sala de aula, ou pelos demais ambientes da escola. Esse tipo de comportamento também é explicado por Lê Bom citado por Freud em seu texto Psicologia das massas e analise do eu quando diz::
“A peculiaridade mais notável apresentada por um grupo psicológico é a seguinte: sejam quem forem os indivíduos que o compõem, por semelhantes ou dessemelhantes que sejam seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento.”
Sendo assim, podemos notar que estes alunos, além de serem influenciados pelo meio social,também sofrem influencia direta do grupo do qual fazem parte, pois como já foi citado acima, grande parte da turma se encontra em risco social. Foi notado também que até os pouquíssimos alunos que não viviam nesta condição, quando se agrupavam em sala, manifestavam comportamentos hostis, o que tornava ainda mais complicada a situação.
Apesar de estes indivíduos apresentarem comportamentos estranhos aos que seriam de sua idade, quando eram vistos com um olhar mais humano, eles acabavam demonstrando, ainda que em pequena quantidade, um carinho e respeito para quem lhes tratassem assim. E quando eram submetidos a conversas em particular, e toda sua situação era respeitada e levada em consideração, eles acabavam externando, ainda de forma bem subjetiva, as terríveis situações pelas quais passaram e que ainda passam. Esta volta ao passado que é entendida por freud como regressão,se é que podemos dizer assim, às vezes pode ser muito dolorosa; porém, quando feita por um profissional da área das ciências psicológicas, pode até não trazer a mudança imediata para estas pessoas, mas resultam em dados importantíssimas sobre as situações de cada um, ou do próprio grupo social do qual fazem parte. Essas informações deveriam servir como medidor social para os órgão responsáveis começarem a intervir de forma direta, de maneira individual e coletiva sobre estas crianças.
Não podemos dizer que esta será uma tarefa fácil, pelo contrario, é necessário que haja uma união de forças da escola como um todo, dos serviços sociais municipais, do Ministério Publico e do Conselho Tutelar. A escola apontando e acompanhando o problema no seu ambiente, os Serviços Sociais acompanhando as famílias , o Conselho Tutelar em pareceria com a escola acompanhando pais e alunos no que diz respeito a direitos e deveres de cada um e o Ministério Publico, cobrando dos demais órgãos eficiência nas funções que lhes são cabíveis. Se todos os órgãos responsáveis cumprissem com suas reais atribuições, não só os alunos desta escola seriam beneficiados, como também partiríamos para uma melhoria significativa na educação de maneira geral.
Referencias Bibliográficas:
SAFATLE, Vladimir.Freud como teórico da modernidade bloqueada / Vladimir Safatle.
- Vitória : Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação
Aberta e a Distância, 2010.
FREUD, Sigmund . Psicologia das massas e análise do eu.
http://www.filpsi.neaad.ufes.br/moodle/
www.sedu.es.gov.com.br
"O REFLEXO DO HOMEM PRIMITIVO AO HOMEM CONTEMPORÂNEO"
“O reflexo do homem primitivo ao homem contemporâneo”
Terezinha Cordeiro Barbirato
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
ABSTRACT
This paper aims to contribute to studies of the course on Philosophy and Psychoanalysis in the discipline Freud as a theorist of modernity locked, offered by NEAAD / UFES in blended mode in order to qualify for exercising professional research and education in line Search for "Philosophy and Psychoanalysis'.
RESUMO
O presente trabalho pretende contribuir com os estudos do curso de especialização Filosofia e Psicanálise na disciplina Freud como teórico da modernidade bloqueada, ofertado pelo NEAAD/UFES, na modalidade semipresencial com o objetivo de qualificar profissionais para exercerem a atividade de pesquisa e ensino na linha de pesquisa de 'Filosofia e Psicanálise'.
Iniciando os instintos primitivos
Para Freud, os seres humanos são dotados de frustrações, angústias, decepções e sentimentos reprimidos, baseando-se em sua teoria nos comportamentos desses seres. Segundo Freud, o homem busca lidar com esses sentimentos, mostrando-se normal, interiorizando seus fracassos, decepções etc. Ele estabelece em sua teoria, pilares importantíssimos: o inconsciente controla a consciência com maior intensidade do que esta o controla, o surgimento do inconsciente vem antes do ego – experiência consciente, e estabelece a estrutura da vida psíquica, os conflitos inconscientes manifestam-se na consciência disfarçados de sonhos, atos falhos ou neuroses, o ego ignora os determinantes inconscientes da experiência e da ação, experimenta a si próprio como origem de seus desejos e pensamentos, tornando-se causador das próprias ações. As interações desses pilares determinarão os comportamentos apresentáveis na vida social, quando não há a integração, o homem mostra-se, como se fosse doente, incapaz de controlar suas fraquezas.
A vida social, partindo do pressuposto: caminhar para a modernidade, Freud distinguiu três dimensões de mundo: a animista – o homem projeta interesses, desejos e crenças na onipotência do pensamento, que pode tudo, a religiosa – é determinada no momento da ruptura entre o homem e a natureza, surge uma situação total de desamparo, ausência de sentido existencial e a dimensão científica – o homem assume o seu desamparo, oracional surge como realização. Mas, a modernidade ainda está bloqueada, enquanto modernização, a sociedade não estava preparada, por diversos problemas sociais, que o homem enfrenta.
Freud em sua obra Totem e tabu e outros trabalhos VOLUME XIII (1913-1914) inicia seu texto mencionando e comparando o homem pré-histórico com o homem moderno ou pós-moderno “O homem pré-histórico, nas várias etapas de seu desenvolvimento, nos é conhecido através dos monumentos e implementos inanimados que restaram dele, através das informações sobre sua arte, religião e atitude para com a vida — que nos chegaram diretamente ou por meio de tradição transmitida pelas lendas, mitos e contos de fadas —, e através das relíquias de seu modo de pensar que sobrevivem em nossas maneiras e costumes. À parte disso, porém, num certo sentido, ele ainda é nosso contemporâneo.”
A complexidade do homem contemporâneo
“Morin (1977) convida-nos a pensar a complexidade desse tempo e confere-lhe uma característica nova: é necessário juntar, ligar o que esteve disjunto e fazer uma leitura multidimensional para analisar os contextos das complexas realidades.” Como afirma TRISTÃO, 2006. É nessa perspectiva que os estudos da psicanálise despontam como essencial e necessário para os dias atuais.
Temos diariamente nos noticiários manchetes de abusos sexuais com menores de idades, ou até mesmo incestos, que como Freud enfatiza acima, na pré-história isso era considerado normal, uma vez que o homem era considerado um animal, e que animais possuem desejos sexuais com o sexo oposto ou não. Porém no decorrer da evolução humana, o homem através da religião e da vontade de viver em sociedade foi se permitindo regras impostas pelo poder, o clero e a burguesia, não permitindo expressar seus instintos animais, e se o fizesse seria punido, pois o abuso sexual e o incesto é considerado crime, e o infrator é preso, dependendo do país e da sua legislação é condenado a pena de morte.
Freud tinha consciência que com essa tese defendida por ele na psicanálise, provocaria sérios problemas nas crenças ocidentais. Pois foi um dos primeiros a denunciar a pedofilia e seus reflexos no desenvolvimento do ser humano. Após essa análise dos danos que o abuso sexual causa na vida de uma pessoa, ficou afirmado que abuso sexual decorre da teoria freudiana, e que quando a criança molestada é a precursora do adulto neurótico e infeliz, e que ao crescer será o reflexo do que recebeu, sendo também um predador sexual. E o pedófilo não é mais uma pessoa que possui atração ou afinidade patológica, ele é o que arruína as perspectivas de vida de uma criança, não permitindo que essa sonhe com os mais belos contos de fadas, pois a criança abusada, não quer brincar, pois quer ficar sozinha ou ir ao encontro do abusador, pois sua sexualidade foi aguçada e instintamante precisa desse contato, que ao mesmo tempo se torna incosciente.
Além das manchetes esses temas complexos invadem nossa casa através das várias formas de comunicação, exemplificando a novela global das 21:00h, pois é a mais assistida que vem apresentando o tema de abuso sexual que mostra o personagem Gerson, segundo filho de Bete e famoso campeão de corridas Stock Car, carrega um mistério que envolve uma estranha fixação pelo computador. Disputou o amor de Diana com Mauro, que era seu melhor amigo. Acabou se casando com a jornalista, que se arrependeu da escolha e o abandonou, principalmente depois que descobriu o segredo do marido (GLOBO, 28/10). Pois a cena está sendo demonstrada da forma que acontece na realidade com os abusos sexuais, de uma maneira que a pessoa que foi abusada se sente culpado por ter sido agredido, é uma transposição da culpa, pois o abusador não se sente culpado e sim satisfeito por realizar seu desejo que internamente lhe atormentava e quando põe em prática o abuso sexual ou algo que o recorde essa ação, sente-se aliviado e ao mesmo tempo cria-se um desejo de obter mais prazer ao repetir esse ato.
Westermarck (1906-8 2, 368) explicou o horror ao incesto baseando-se em que ‘há uma aversão inata às relações sexuais entre pessoas que vivem juntas com muita intimidade desde a infância e que, como essas pessoas são, na maioria dos casos, aparentadas pelo sangue, esse sentimento naturalmente apareceria no costume e na lei como um horror à relação sexual entre parentes próximos’. Havelock Ellis [1914, 205 e seg.], embora discutisse a instintividade da aversão, endossou em geral esta explicação: ‘A falha normal da manifestação do instinto de acasalamento no caso de irmãos e irmãs ou de meninos e meninas criados juntos desde a infância é um fenômeno meramente negativo, devido à ausência inevitável, nessas circunstâncias, das condições que evocam o instinto de acasalamento (…) Entre aqueles que foram criados juntos desde a infância, todos os estímulos sensoriais da visão, audição e tato foram amortecidos pelo uso, levados ao nível calmo da afeição e privados de sua potência de despertar a excitação eretística que produz a tumescência sexual.’ (FREUD, 1999), continuando a contextualização, entende-se que com a civilização os homens impuseram as leis as quais reprimem os instintos naturais dos homens, e se as leis reprimem esses instintos, observa-se que esses instintos não seriam apropriados ou benéficos à sociedade.
“Posso acrescentar a estes excelentes argumentos de Frazer que as descobertas da psicanálise torna a hipótese de uma aversão inata à relação sexual incestuosa totalmente insustentável. Demonstram, pelo contrário, que as mais precoces excitações sexuais dos seres humanos muito novos são invariavelmente de caráter incestuoso e que tais impulsos, quando reprimidos, desempenham um papel que pode ser seguramente considerado — sem que isso implique uma superestima — como forças motivadoras de neuroses, na vida posterior.” (FREUD, 1999)
Vários teóricos discutem sobre as precoces excitações sexuais, porém o que se tem mais consisto para evitar tais abusos, é o tratamento psicanalítico e terapêutico dessa dependência psíquica que o indivíduo possui, pois como nos é apresentado na novela, o personagem do Gerson sente prazer em ver cenas de abusos sexuais, porém não praticou nenhum abuso, e antes que pudesse colocar em prática, buscou o tratamento e o faz gradativamente, pois como uma doença essa dependência também deve ser trabalhada continuamente, acredita-se que é um tratamento por um longo período ou pela vida toda.
Referências Bibliográficas
Freud, Sigmund – Totem e tabu. São Paulo. Imago, 1999.
Freud, Sigmund – O futuro de uma ilusão. São Paulo. Imago, 2006.
Freud, Sigmund – Moisés e o monoteísmo. São Paulo. Imago, 2006.
Gay, Peter – Freud. Uma vida para o nosso tempo, São Paulo: Cia das Letras, 1989.
Lee, R.S. – Freud and Christianity. Londres: Penguin Books, 1967.
Terezinha Cordeiro Barbirato
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
ABSTRACT
This paper aims to contribute to studies of the course on Philosophy and Psychoanalysis in the discipline Freud as a theorist of modernity locked, offered by NEAAD / UFES in blended mode in order to qualify for exercising professional research and education in line Search for "Philosophy and Psychoanalysis'.
RESUMO
O presente trabalho pretende contribuir com os estudos do curso de especialização Filosofia e Psicanálise na disciplina Freud como teórico da modernidade bloqueada, ofertado pelo NEAAD/UFES, na modalidade semipresencial com o objetivo de qualificar profissionais para exercerem a atividade de pesquisa e ensino na linha de pesquisa de 'Filosofia e Psicanálise'.
Iniciando os instintos primitivos
Para Freud, os seres humanos são dotados de frustrações, angústias, decepções e sentimentos reprimidos, baseando-se em sua teoria nos comportamentos desses seres. Segundo Freud, o homem busca lidar com esses sentimentos, mostrando-se normal, interiorizando seus fracassos, decepções etc. Ele estabelece em sua teoria, pilares importantíssimos: o inconsciente controla a consciência com maior intensidade do que esta o controla, o surgimento do inconsciente vem antes do ego – experiência consciente, e estabelece a estrutura da vida psíquica, os conflitos inconscientes manifestam-se na consciência disfarçados de sonhos, atos falhos ou neuroses, o ego ignora os determinantes inconscientes da experiência e da ação, experimenta a si próprio como origem de seus desejos e pensamentos, tornando-se causador das próprias ações. As interações desses pilares determinarão os comportamentos apresentáveis na vida social, quando não há a integração, o homem mostra-se, como se fosse doente, incapaz de controlar suas fraquezas.
A vida social, partindo do pressuposto: caminhar para a modernidade, Freud distinguiu três dimensões de mundo: a animista – o homem projeta interesses, desejos e crenças na onipotência do pensamento, que pode tudo, a religiosa – é determinada no momento da ruptura entre o homem e a natureza, surge uma situação total de desamparo, ausência de sentido existencial e a dimensão científica – o homem assume o seu desamparo, oracional surge como realização. Mas, a modernidade ainda está bloqueada, enquanto modernização, a sociedade não estava preparada, por diversos problemas sociais, que o homem enfrenta.
Freud em sua obra Totem e tabu e outros trabalhos VOLUME XIII (1913-1914) inicia seu texto mencionando e comparando o homem pré-histórico com o homem moderno ou pós-moderno “O homem pré-histórico, nas várias etapas de seu desenvolvimento, nos é conhecido através dos monumentos e implementos inanimados que restaram dele, através das informações sobre sua arte, religião e atitude para com a vida — que nos chegaram diretamente ou por meio de tradição transmitida pelas lendas, mitos e contos de fadas —, e através das relíquias de seu modo de pensar que sobrevivem em nossas maneiras e costumes. À parte disso, porém, num certo sentido, ele ainda é nosso contemporâneo.”
A complexidade do homem contemporâneo
“Morin (1977) convida-nos a pensar a complexidade desse tempo e confere-lhe uma característica nova: é necessário juntar, ligar o que esteve disjunto e fazer uma leitura multidimensional para analisar os contextos das complexas realidades.” Como afirma TRISTÃO, 2006. É nessa perspectiva que os estudos da psicanálise despontam como essencial e necessário para os dias atuais.
Temos diariamente nos noticiários manchetes de abusos sexuais com menores de idades, ou até mesmo incestos, que como Freud enfatiza acima, na pré-história isso era considerado normal, uma vez que o homem era considerado um animal, e que animais possuem desejos sexuais com o sexo oposto ou não. Porém no decorrer da evolução humana, o homem através da religião e da vontade de viver em sociedade foi se permitindo regras impostas pelo poder, o clero e a burguesia, não permitindo expressar seus instintos animais, e se o fizesse seria punido, pois o abuso sexual e o incesto é considerado crime, e o infrator é preso, dependendo do país e da sua legislação é condenado a pena de morte.
Freud tinha consciência que com essa tese defendida por ele na psicanálise, provocaria sérios problemas nas crenças ocidentais. Pois foi um dos primeiros a denunciar a pedofilia e seus reflexos no desenvolvimento do ser humano. Após essa análise dos danos que o abuso sexual causa na vida de uma pessoa, ficou afirmado que abuso sexual decorre da teoria freudiana, e que quando a criança molestada é a precursora do adulto neurótico e infeliz, e que ao crescer será o reflexo do que recebeu, sendo também um predador sexual. E o pedófilo não é mais uma pessoa que possui atração ou afinidade patológica, ele é o que arruína as perspectivas de vida de uma criança, não permitindo que essa sonhe com os mais belos contos de fadas, pois a criança abusada, não quer brincar, pois quer ficar sozinha ou ir ao encontro do abusador, pois sua sexualidade foi aguçada e instintamante precisa desse contato, que ao mesmo tempo se torna incosciente.
Além das manchetes esses temas complexos invadem nossa casa através das várias formas de comunicação, exemplificando a novela global das 21:00h, pois é a mais assistida que vem apresentando o tema de abuso sexual que mostra o personagem Gerson, segundo filho de Bete e famoso campeão de corridas Stock Car, carrega um mistério que envolve uma estranha fixação pelo computador. Disputou o amor de Diana com Mauro, que era seu melhor amigo. Acabou se casando com a jornalista, que se arrependeu da escolha e o abandonou, principalmente depois que descobriu o segredo do marido (GLOBO, 28/10). Pois a cena está sendo demonstrada da forma que acontece na realidade com os abusos sexuais, de uma maneira que a pessoa que foi abusada se sente culpado por ter sido agredido, é uma transposição da culpa, pois o abusador não se sente culpado e sim satisfeito por realizar seu desejo que internamente lhe atormentava e quando põe em prática o abuso sexual ou algo que o recorde essa ação, sente-se aliviado e ao mesmo tempo cria-se um desejo de obter mais prazer ao repetir esse ato.
Westermarck (1906-8 2, 368) explicou o horror ao incesto baseando-se em que ‘há uma aversão inata às relações sexuais entre pessoas que vivem juntas com muita intimidade desde a infância e que, como essas pessoas são, na maioria dos casos, aparentadas pelo sangue, esse sentimento naturalmente apareceria no costume e na lei como um horror à relação sexual entre parentes próximos’. Havelock Ellis [1914, 205 e seg.], embora discutisse a instintividade da aversão, endossou em geral esta explicação: ‘A falha normal da manifestação do instinto de acasalamento no caso de irmãos e irmãs ou de meninos e meninas criados juntos desde a infância é um fenômeno meramente negativo, devido à ausência inevitável, nessas circunstâncias, das condições que evocam o instinto de acasalamento (…) Entre aqueles que foram criados juntos desde a infância, todos os estímulos sensoriais da visão, audição e tato foram amortecidos pelo uso, levados ao nível calmo da afeição e privados de sua potência de despertar a excitação eretística que produz a tumescência sexual.’ (FREUD, 1999), continuando a contextualização, entende-se que com a civilização os homens impuseram as leis as quais reprimem os instintos naturais dos homens, e se as leis reprimem esses instintos, observa-se que esses instintos não seriam apropriados ou benéficos à sociedade.
“Posso acrescentar a estes excelentes argumentos de Frazer que as descobertas da psicanálise torna a hipótese de uma aversão inata à relação sexual incestuosa totalmente insustentável. Demonstram, pelo contrário, que as mais precoces excitações sexuais dos seres humanos muito novos são invariavelmente de caráter incestuoso e que tais impulsos, quando reprimidos, desempenham um papel que pode ser seguramente considerado — sem que isso implique uma superestima — como forças motivadoras de neuroses, na vida posterior.” (FREUD, 1999)
Vários teóricos discutem sobre as precoces excitações sexuais, porém o que se tem mais consisto para evitar tais abusos, é o tratamento psicanalítico e terapêutico dessa dependência psíquica que o indivíduo possui, pois como nos é apresentado na novela, o personagem do Gerson sente prazer em ver cenas de abusos sexuais, porém não praticou nenhum abuso, e antes que pudesse colocar em prática, buscou o tratamento e o faz gradativamente, pois como uma doença essa dependência também deve ser trabalhada continuamente, acredita-se que é um tratamento por um longo período ou pela vida toda.
Referências Bibliográficas
Freud, Sigmund – Totem e tabu. São Paulo. Imago, 1999.
Freud, Sigmund – O futuro de uma ilusão. São Paulo. Imago, 2006.
Freud, Sigmund – Moisés e o monoteísmo. São Paulo. Imago, 2006.
Gay, Peter – Freud. Uma vida para o nosso tempo, São Paulo: Cia das Letras, 1989.
Lee, R.S. – Freud and Christianity. Londres: Penguin Books, 1967.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
A proposta Sofista versus Educação EAD
A tendência sofista vem acompanhando a humanidade durante grande parte de sua historia, nela o professor comporta-se como o transmissor do conhecimento, e este ministra suas aulas de maneira a atrativa, buscando ensinar os alunos através de conferências e assembléias. Nesta proposta o professor expõe o conhecimento e os alunos reproduzem o que lhes foi transmitido. Apesar de já existirem varias outras metodologias educacionais, o sofismo ainda e encontrado em grande parte de nossas escolas.
A proposta Sofista versus Educação EAD
O homem, durante sua historia, vem transmitido o conhecimento para seus descendentes de diversas maneiras, seja ela de forma mais tradicional ou se utilizando de propostas mais inovadoras, propostas estas que tiveram base nas mais antigas, pois foi através dos questiona das propostas que se tinha na época, que surgiram as novas tendências educacionais,e a proposta sofista foi uma das metodologias muito utilizada na educação tradicional e que até hoje ainda é trabalhada em nossos escolas.
A proposta sofista colocava o professor como o detentor do saber, este transmite o conhecimento aos alunos que teoricamente não o possuía, as aulas se davam por meio de conferencias e assembléias, e ali o professor ministrava o conteúdo para um grande numero de pessoas ao mesmo tempo,e estes conteúdos eram transmitidos de maneira atrativa aos alunos, para que os mesmo se sentissem atraídos pelo conteúdo ministrado. Nesta metodologia o professo expõe sua teoria e o aluno reproduz tudo que aprendeu ou absorveu do que lhe foi transmitido. Este método foi bastante criticado por Sócrates, pois o mesmo acreditava que o conhecimento já nasce no individuo, e que ele precisava apenas ser provocado para externar tais conhecimentos
Em grande parte de nossas escolas e percebido a presença da metodologia sofista,que mesmo com varias tendências educacionais consideras mais eficientes, os professores ainda trabalham acreditando que o conhecimento é transmitido, que o professor é o dono do saber, e o aluno apenas um mero receptor do conhecimento. As aulas são ministradas para um grande numero de alunos e o conteúdo trabalhado apenas de maneira expositiva.
Na metodologia EAD, a proposta sofista é pouco percebida, pois os alunos são estimulados a buscarem o conhecimento por conta própria, e através de pequenos grupos de pessoas, fazendo com que as discussões se tornem um habito frequente o que estimula todos a um pensar mais autônomo, alem da interação do aluno com os novos avanços tecnológicos, que são ferramentas de extrema importância para se chegar ao conhecimento. Nesta metodologia o professor tutor se encontra no mesmo nível dos alunos, ele trabalha apenas como um mediador do aluno até as propostas enviadas pela coordenação dos cursos, assim o aluno desenvolve uma autonomia para a partir daí desenvolverem suas novas formas de busca pelo conhecimento. A tendência sofista e percebida quando os alunos estão assistindo as vídeo conferências depois que elas já foram transmitidas, pois mesmo no momento da transmissão, os alunos interagem fazendo perguntas e enviando comentários a respeito dos assuntos expostos pelo conferencista.
Sendo assim,podemos notar que mesmo com propostas mas avançada e bem mais eficientes que a sofista,ela não deixa de fazer parte da educação atual, a figura do professor como o possuidor do conhecimento esta presente de maneira cultural em nossas escolas, a aulas expositivas continuam sendo ministradas. Neste sentido,o professor deve utilizar-se também do método sofista em suas aulas, o que não pode acontecer, é este ser o único método utilizado pelos educadores, pois desta forma eles terão um empobrecimento de suas aulas alem de correrem o risco de torna-las desinteressantes aos alunos.
A proposta Sofista versus Educação EAD
O homem, durante sua historia, vem transmitido o conhecimento para seus descendentes de diversas maneiras, seja ela de forma mais tradicional ou se utilizando de propostas mais inovadoras, propostas estas que tiveram base nas mais antigas, pois foi através dos questiona das propostas que se tinha na época, que surgiram as novas tendências educacionais,e a proposta sofista foi uma das metodologias muito utilizada na educação tradicional e que até hoje ainda é trabalhada em nossos escolas.
A proposta sofista colocava o professor como o detentor do saber, este transmite o conhecimento aos alunos que teoricamente não o possuía, as aulas se davam por meio de conferencias e assembléias, e ali o professor ministrava o conteúdo para um grande numero de pessoas ao mesmo tempo,e estes conteúdos eram transmitidos de maneira atrativa aos alunos, para que os mesmo se sentissem atraídos pelo conteúdo ministrado. Nesta metodologia o professo expõe sua teoria e o aluno reproduz tudo que aprendeu ou absorveu do que lhe foi transmitido. Este método foi bastante criticado por Sócrates, pois o mesmo acreditava que o conhecimento já nasce no individuo, e que ele precisava apenas ser provocado para externar tais conhecimentos
Em grande parte de nossas escolas e percebido a presença da metodologia sofista,que mesmo com varias tendências educacionais consideras mais eficientes, os professores ainda trabalham acreditando que o conhecimento é transmitido, que o professor é o dono do saber, e o aluno apenas um mero receptor do conhecimento. As aulas são ministradas para um grande numero de alunos e o conteúdo trabalhado apenas de maneira expositiva.
Na metodologia EAD, a proposta sofista é pouco percebida, pois os alunos são estimulados a buscarem o conhecimento por conta própria, e através de pequenos grupos de pessoas, fazendo com que as discussões se tornem um habito frequente o que estimula todos a um pensar mais autônomo, alem da interação do aluno com os novos avanços tecnológicos, que são ferramentas de extrema importância para se chegar ao conhecimento. Nesta metodologia o professor tutor se encontra no mesmo nível dos alunos, ele trabalha apenas como um mediador do aluno até as propostas enviadas pela coordenação dos cursos, assim o aluno desenvolve uma autonomia para a partir daí desenvolverem suas novas formas de busca pelo conhecimento. A tendência sofista e percebida quando os alunos estão assistindo as vídeo conferências depois que elas já foram transmitidas, pois mesmo no momento da transmissão, os alunos interagem fazendo perguntas e enviando comentários a respeito dos assuntos expostos pelo conferencista.
Sendo assim,podemos notar que mesmo com propostas mas avançada e bem mais eficientes que a sofista,ela não deixa de fazer parte da educação atual, a figura do professor como o possuidor do conhecimento esta presente de maneira cultural em nossas escolas, a aulas expositivas continuam sendo ministradas. Neste sentido,o professor deve utilizar-se também do método sofista em suas aulas, o que não pode acontecer, é este ser o único método utilizado pelos educadores, pois desta forma eles terão um empobrecimento de suas aulas alem de correrem o risco de torna-las desinteressantes aos alunos.
domingo, 29 de agosto de 2010
A EAD e o cartel
Resumo
O trabalho de estudo a ser desenvolvido na modalidade da Educação Aberta e a Distância expressa uma forma inovadora no processo educacional brasileiro. Nessa nova realidade o docente encontra-se livre para permitir que seus discentes ousem e busquem construir seus saberes a partir de suas próprias reflexões e motivações e a responsabilidade por essa investigação é compartilhada.
O trabalho de estudo a ser desenvolvido na modalidade da Educação Aberta e a Distância expressa uma forma inovadora no processo educacional brasileiro. A modalidade, com sua ruptura do modelo tradicional, traz em seu bojo uma revolução implícita – e silenciosa – de todo o sistema educativo ao explicitar a possibilidade de absorção e desenvolvimento do saber cartelizado nos grupo de estudo em EAD ela caracteriza um novo papel para o corpo docente que apesar de continuar desempenhando a tarefa de orientador, sente-se desvalorizado e desprestigiado em seu status de detentor do saber. Sendo que o mestre continua a ser importante. Todavia, desempenhando sua função com uma nova leitura e outras possibilidades. Nessa nova realidade o docente encontra-se livre para permitir que seus discentes ousem e busquem construir seus saberes a partir de suas próprias reflexões e motivações e a responsabilidade por essa investigação é compartilhada. Ao mestre é oportunizado o direito de não interferir ou conduzir os discípulos à sua verdade.
Os estudos em EAD são elaborados pelo discente a partir de sua própria motivação, disciplina e empenho. Os grupos de cartéis reúnem-se para a apresentação e partilha do conhecimento elaborado, mas a dinâmica e o aproveitamento dos estudos e pesquisas para a produção desse saber ocorrem em outro espaço que não a reunião do cartel.
O tutor presencial exerce o papel intermediário – MAIS-UM – para a partilha e organização do saber construído. Ele é a ponte que estabelece as devidas conexões entre os cartelizantes. Preenche uma função importantíssima – a de respeitar todo o processo de crescimento intelectual autônomo dos alunos.
Desse modo, podemos credenciar à EAD a performance de atuar plenamente na via da construção do saber lacaniano através de sua metodologia cartelizada, possibilitando a construção autônoma do conhecimento em seus educandos sem, no entanto, abandoná-los à própria sorte ou condição errante, posto que lhes são oportunizados uma ampla equipe docente-pedagógica composta de um tutor presencial, outro a distância e, ainda, um professor para disciplina em cada módulo.
O trabalho de estudo a ser desenvolvido na modalidade da Educação Aberta e a Distância expressa uma forma inovadora no processo educacional brasileiro. Nessa nova realidade o docente encontra-se livre para permitir que seus discentes ousem e busquem construir seus saberes a partir de suas próprias reflexões e motivações e a responsabilidade por essa investigação é compartilhada.
O trabalho de estudo a ser desenvolvido na modalidade da Educação Aberta e a Distância expressa uma forma inovadora no processo educacional brasileiro. A modalidade, com sua ruptura do modelo tradicional, traz em seu bojo uma revolução implícita – e silenciosa – de todo o sistema educativo ao explicitar a possibilidade de absorção e desenvolvimento do saber cartelizado nos grupo de estudo em EAD ela caracteriza um novo papel para o corpo docente que apesar de continuar desempenhando a tarefa de orientador, sente-se desvalorizado e desprestigiado em seu status de detentor do saber. Sendo que o mestre continua a ser importante. Todavia, desempenhando sua função com uma nova leitura e outras possibilidades. Nessa nova realidade o docente encontra-se livre para permitir que seus discentes ousem e busquem construir seus saberes a partir de suas próprias reflexões e motivações e a responsabilidade por essa investigação é compartilhada. Ao mestre é oportunizado o direito de não interferir ou conduzir os discípulos à sua verdade.
Os estudos em EAD são elaborados pelo discente a partir de sua própria motivação, disciplina e empenho. Os grupos de cartéis reúnem-se para a apresentação e partilha do conhecimento elaborado, mas a dinâmica e o aproveitamento dos estudos e pesquisas para a produção desse saber ocorrem em outro espaço que não a reunião do cartel.
O tutor presencial exerce o papel intermediário – MAIS-UM – para a partilha e organização do saber construído. Ele é a ponte que estabelece as devidas conexões entre os cartelizantes. Preenche uma função importantíssima – a de respeitar todo o processo de crescimento intelectual autônomo dos alunos.
Desse modo, podemos credenciar à EAD a performance de atuar plenamente na via da construção do saber lacaniano através de sua metodologia cartelizada, possibilitando a construção autônoma do conhecimento em seus educandos sem, no entanto, abandoná-los à própria sorte ou condição errante, posto que lhes são oportunizados uma ampla equipe docente-pedagógica composta de um tutor presencial, outro a distância e, ainda, um professor para disciplina em cada módulo.
Assinar:
Postagens (Atom)